terça-feira, 12 de março de 2013

Proposta de Experimento: FINGIR É CONHECER-SE?


A experiência poética de Fernando Pessoa com os heterônimos e a possibilidade de esquecer o conceito de ego.
                                             Devanir Merengué
O poeta Fernando Pessoa escreve:
Não sou nada/Não posso nada/Não posso querer ser nada/À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Como alguém que é nada e nem pretende ser nada escreve uma obra fenomenal que inspira uma infinidade de estudos, sendo essa mesma obra espalhada por jornais, textos sem assinaturas, papéis rabiscados em guardanapos guardados em baús produzidos por seus muitos heterônimos, alguns muitos conhecidos e outros não? A busca por respostas para o mito criado por Fernando Pessoa instiga mestres e jovens estudiosos em todo o mundo.

Pessoa questiona o conceito metafisico de sujeito como unidade. Questiona do mesmo modo a sinceridade do poeta em expressar suas emoções. A partir dai, desdobra, multiplica o que chamamos de eu.
Não sei quem sou, que alma tenho. Quando falo com sinceridade não sei com que sinceridade falo.
Ou:
Sinto-me múltiplo. [...] Sinto-me viver vidas alheias, em mim, incompletamente, como se meu ser participasse de todos os homens. [...]
Ou ainda:
Sê plural com o universo!

No entendimento que faço do projeto moreniano o conceito de ego não tem  uma grande relevância, sendo com enorme facilidade substituído pela noção de papel. Os heterônimos de Pessoa se aproximam da ideia de papel? Ou ainda, o que estaria por trás é o mesmo incomodo, ou seja, ego (talvez diferentemente de sujeito) é um conceito, de fato, metafisico? A suposta unidade do ego presente na psicologia geral seria algo artificial demais para levarmos em conta? Nesse sentido, o caráter fetichista dos conceitos não traria algo de aprisionante para os seres humanos? Na pratica, sabemos que somos muitos, ou no entendimento moreniano, que somos apenas papéis?
E, além disso: o fingimento poético de pessoa diz respeito a um desempenho de papéis? O que diferencia o assumir por um longo tempo a heteronímia do viver um papel no Psicodrama ou no Teatro?
Pretendo discutir as questões utilizando uma conferencia psicodramática, com a plateia assumindo papéis dramáticos que se alternam com o de audiência/coro grego.
 

2 comentários:

  1. Voces sabiam que segundo José Paulo Cavalcanti Filho no livro FERNANDO PESSOA, uma quase autobiografia o poeta portugues criou 127 heterônimos e não apenas 4 ou 5 como usualmente se fala? Devanir

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  2. E vocês sabiam que o filósofo existencialista, S. Kierkegaard também criou heterônimos? Vigilius Haufniensis, Johannes de Silentio e Constantin Constantius eram personagens que escreviam dialogando uns com os outros...

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